coisas da vida

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sábado, 15 de maio de 2010

Um pouco de mim

       
   
 Venho como quem vem de muito longe, trazendo na    Mente as lembranças vividas  Por lá, na alma uma Bagagem artística anónima, na mala, alguns vestidos Floridos, 
Um diário e algumas poesias em papéis amarelados e Gastos pelo tempo, elas foram escritas em baixo das Árvores do meu sertão. Trazia ainda tatuado em mim
Os ensinamentos paternos, os quais poderiam me Conduzir pela vida de uma forma mais branda.  Mas ingenuamente  ousei enfrentar o Mundo. Queria fazer teatro, sem ao  menos saber o que isso viria a ser. Apenas Gostava de interpretar, queria ser alguém mas quem? Eu não sabia, apenas queria. Sonhava... lá nas matas onde nasci, ainda  recordo-me interpretando à beira do açude E do igarapé. Onde tinha o hábito de neles  banhar o meu corpo e minha alma. Era o Meu hobby preferido, mergulhar na  quelas águas envolta em mistérios. Eram águas Que dóceis e silenciosas me fascinavam entre os segredos exóticos de tão rica e bela Natureza! lembro uns pedaços de chão limpinhos como que varridos à capricho pelo Vento a poeira jogando no ar sua cortina vermelha dificultando  minha visão que ainda Alcançava a  Imagem da minha mãe, lá na beira do caminho com a filha caçula  no raço E com a outra mão acenava um triste adeus para mim.  A quela cena ficou grava em Minha  retina e tatuada em minha alma.  As lágrimas desciam lavando as mascas dos Carinhos recebidos.  Minhas mãos ainda sentiam o calor das suas. Agora só a Lembrança de tudo que era Tão diferente da realidade desse mundo louco onde Passei por provas de fogo, quantas lições umas brandas, outras terríveis que  me Quebraram em mil pedaços como se quisessem me espalhar pelo mundo inteiro, e eu, Tão ingénua que era, e  ainda sou, porque o que é, é. E nunca deixa de ser.  Ainda fiz Um curso de arte dramática no teatro Paiol na Avenida Amaral Gurgel, Santa Cecília São Paulo, e outras oficinas em lugares diferentes, fiz teatro durante muito tempo, Antes de ser atingida  por esse vendaval, que estilhaçou-me por dentro e por fora, Sentí-me tão frágil para tanta brutalidade. Virei fugitiva do esposo pois o qual era muito Violento. E a menina que sempre fui, a eterna  adolescente que habita em mim, tremia Em meu ser, querendo agasalhar-se em mim, Proteger-se no seio dessa frágil,  mas Forte mulher que sou. E eu a acalentava dizendo: Calma minha menina voce é forte, é O meu eu profundo, minha essência Pura, a base que jamais quero perder. Essa é a Hora em que precisamos lutar arregimentar forças buscar-mos a  Deus, aí sim, vamos Vencer. Parecia mais uma louca, falando comigo mesma, mas na quele momento eu Toda me tornara menina assustada com vontade de gritar:  Meu Deus onde estou? Como vim parar aqui nesse canto do planeta toda machucada pelas garras desse Mundo louco e furioso? Era preciso silenciar-me agora  e encarar a Vida de frente, Negociar com ela, ver o que ela realmente queria de mim.  Porque tanta  fúria?  E como Uma boa guerreira, travei luta com o mundo e comigo mesma. Aprendi a Lidar com Meus medos e inseguranças até para descobrir-me quem sou. Quantas em mim Existem? Eram perguntas que não queriam calar. Me perdia e me encontrava, quantos Eus havia em mim? Maluques e lucidez o real e o imaginário se mesclavam em minha Mente. Agora tudo se  Acalmou ficaram marcas indeléveis, mas o tumulto passou.  E Partes de mim contiuam Voltando até hoje, descendo como gotas de bálsamo ao meu Âmago trazendo a doçura e a paz que necessito para viver.  Foi muito dolorido, Perder-me de mim porque Me parecia às vezes, que o meu eu profundo, era subtraido E em seu lugar colocado Uma concha vazia  de sentimentos, eu procurava por uma Gota de mim, numa sede por minhas emoções e sensações, e numa busca Desesperada pela minha alma, vida minha, essência minha, que parecia ter sido Suspensa de mim, vaguei pelos vales escombros alcei vôo escalei montanhas, em fim, Vencí porque o bem vence o mal, sou fonte de bênçãos e afluente de nobres Sentimentos. Minha alma agora livre vôoa pelas brumas do tempo entre flores e Florestas enaltecendo as ricas belezas naturais cuja grandeza está oculta aos olhos Do homem comum                   

                                                             Kainha Brito

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